domingo, 16 de junho de 2013

Bertha Becker: uma das maiores cientistas da Amazônia

Bertha Becker: De tigresa de Haifa a Jaguatirica de Ponta Porã. 


Um excelente blog com informações sobre e a geografa e professora - Bertha Becker
Bertha Becker blogs
http://berthabecker.blogspot.com.br/

Sobre o Blog - INCT Biodiversidade e Usos da Terra e a obra de Bertha Becker

 A minha fotografia

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biodiversidade e Uso da Terra da Amazônia (INCT) é um projeto de pesquisa coordenado por mim e está sediado no Museu Goeldi, em Belém do Pará. Conta com uma extensa rede de pesquisa e engloba pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e de diversos Institutos e Universidades do Brasil e alguns internacionais. O Instituto é financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) por meio do CNPq e pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Pará e tem como objetivo desenvolver uma rede de pesquisa integrada e de excelência para o estudo da biodiversidade e da paisagem amazônica. Um dos destaques do projeto é a participação da Profa Bertha Becker que dedica-se a projetos inovadores e estratégias de implementação das políticas propostas para a região, acentuando a importância de uma revolução científica e tecnológica que inclua uma logística específica para a Amazônia.
No dia 12 de maio de 2009 a Dra Bertha Becker ministrou a conferência inaugural do INCT em Biodiversidade e Uso da Terra da Amazônia no auditório do Museu Goeldi, com o tema "A Amazônia e os desafios da sustentabilidade”. Em junho de 2012, durante a Conferência Rio+20, no Rio de Janeiro, admiradora da capacidade de pensar e articular projetos de Bertha, e no papel de coordenadora do INCT, propus à Bertha que fizesse uma avaliação do grau de sucesso e implementação de suas propostas para a Amazônia. Após um momento relutante, Bertha aceitou o desafio. Para ajudar nesse encaminhamento, procedi um inventário da obra de Bertha (trabalhos científicos, relatórios, vídeos, entrevistas, etc) disponibilizados na internet e nos inúmeros emails que troquei com ela nos últimos 10 anos. Mas sozinha era impossível alcançar os meus objetivos...
A execução dessa enorme tarefa contou então, com o imprescindível apoio da geógrafa Nathalia Nascimento, que em poucos dias já estava totalmente absorta no projeto e encantada com a personalidade de Bertha. O projeto contou também com as sugestões de Roberto Bartholo, Peter Toledo e Tatiana Sá, também amigos e admiradores de Bertha e estudiosos da Amazônia.
Após dois árduos meses de coleta de material, discussões e aprovações de Bertha, oferecemos aos que estudam o pensamento de Bertha Becker, um DVD-ROM e o presente blog com a obra dessa pesquisadora maravilhosa e irrequieta, que muito ainda tem o que nos ensinar.

Ima Célia Guimarães Vieira
Pesquisadora do Museu Paraense Emilio Goeldi



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Bertha Becker e a Amazônia: retrospectiva de uma obra , foi realizado no dia 16 de janeiro passado o "I Simpósio Relações entre Ciência e Políticas Públicas: Propostas de Bertha Becker para o Desenvolvimento da Amazônia".

Na abertura do evento - que transcorreu na sede do BNDES, no Rio de Janeiro -, Bertha Becker foi apontada como maior geógrafa brasileira e uma das maiores especialistas em Amazônia no mundo. Professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro, ela atualmente coordena o Laboratório de Gestão do Território (LAGET/UFRJ) e atua como consultora ad hoc de várias instituições científicas, sendo reconhecida por sua participação vigorosa no processo de elaboração de inúmeras políticas públicas relacionadas à região amazônica.
Há 30 anos, a professora percorre os estados da Amazônia e testemunha a ocupação e a devastação da floresta. Difere de muitos intelectuais, por ser incisiva em suas opiniões ao sugerir a economia como solução essencial para a preservação.
Ao resgatar as ideias inovadoras de Bertha Becker, o simpósio teve por objetivo contribuir para a formulação de novas políticas públicas para a Amazônia e, ao mesmo tempo,homenagear a pensadora que, em diferentes ocasiões, colaborou com discussões enriquecedoras sobre o desenvolvimento da região, elevando o diálogo entre ciência, tecnologia e política para um patamar onde é possível proteger mais e destruir menos, com geração de renda e de conhecimento para as populações locais.
“O desafio do desenvolvimento sustentável da Amazônia é de grande envergadura e nos provoca há muitas décadas. Historicamente, olhou-se a Amazônia apenas do ponto de vista extrativista. Entretanto, a visão microterritorial, sub-regional, sob a ótica das comunidades e populações locais, como defende Bertha Becker, é a que mais nos inspira”, explicou na ocasião Luciano Coutinho. Nesse contexto, um dos maiores desafios é olhar a região sob o ponto de vista do desenvolvimento endógeno, com o aprofundamento do processo de inovação técnico-científica para gerar alternativas de atividade e ocupação econômica sustentáveis. “O Banco, como instrumento de políticas do governo alinhado ao Ministério do Meio Ambiente, e responsável pela gestão do Fundo Amazônia, trabalha para que isso seja possível”, afirmou o presidente do BNDES.
“Apesar de ser rica em área e em recursos, a região amazônica tem uma enorme carência de desenvolvimento. Daí a importância de se fortalecer o diálogo entre ciência e políticas públicas, ainda mais quando se trata de um território com imensa relevância, inclusive cultural”, refletiu a homenageada.
Bertha Becker também apontou que há uma sucessão de planos para a Amazônia que não são, de fato, construídos e elaborados. “Isso se deve à existência de planejamentos diversos, sem políticas diretivas. Para que se obtenha sucesso nesses planos, é fundamental o planejamento, com o apoio da ciência ligado à política”, explicou.
Outra questão marcante na região, segundo ela, diz respeito aos conflitos de interesses, que acabam por levar a posturas inconvenientes. “Sustar o desflorestamento é imperativo, mas proteção ambiental, apenas, não consegue conter o desflorestamento nem gerar riqueza, trabalho e renda para as populações”, disse ela. Para Becker, o cerne do novo padrão de desenvolvimento econômico é superar o falso dilema da conservação entendida como preservação intocável versus utilização com destruição. “É fundamental a criação de um novo modelo científico-tecnológico, baseado no conceito de ‘produzir para conservar’, no qual a dialética ciência e política não pode ser ignorada”, concluiu a professora.
O evento foi uma iniciativa do Museu Paraense Emilio Goeldi, por meio do projeto "INCT - Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia", com o qual a Garamond, que publicou o importante estudo "Amazônia, gepolítica na virada do século XXI" da professora, está organizando um volume contendo o conjunto de escritos de Bertha Becker sobre a região amazônica.

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Bertha Becker: Amazônia precisa é de uma economia


«A Amazônia precisa de desenvolvimento econômico, não apenas de proteção ambiental.» A afirmativa foi feita pela geógrafa Berta Becker, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), durante o seminário “A Gestão da Amazônia”, realizado na Universidade de São Paulo (USP).
A Amazônia já é verde
Becker, que é uma das maiores especialistas em assuntos amazônicos, criticou a ênfase no combate ao carbono nas abordagens sobre a região e defendeu o estabelecimento de um forte setor produtivo: «Na Amazônia não há uma base econômica organizada, não existem praticamente cadeias produtivas… A verdade precisa ser dita: neste sentido, a Amazônia não mudou nada.» (Valor Econômico, 17/03/2011)
Para ela, crítica do conceito de “economia verde”, «a Amazônia já é verde. O que ela precisa é de uma economia».

Basta pagar para não haver desmatamento?
A geógrafa também teceu críticas à implantação do mecanismo de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação (REDD) na região, afirmando que tal iniciativa é um retrocesso para o desenvolvimento: «O nosso problema é fazer um esforço para o desenvolvimento da região. E aí vou pegar REDD para não desmatar?… Com REDD não ataco a causa do desmatamento. É um balde de água fria no estímulo deste desenvolvimento novo.»
O mecanismo REDD, um dos carros chefe do aparato ambientalista internacional para países como o Brasil, contempla compensações financeiras para evitar o desmatamento, alegadamente, para combater as emissões de carbono que seriam responsáveis pelo aquecimento global. Evidentemente, a perspectiva de receber recursos financeiros do exterior tem funcionado para alguns como um atrativo maior do que a preocupação com as emissões. No seminário, o superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável, Virgilio Viana, se manifestou: «A valoração de serviços ambientais é a melhor oportunidade da história da Amazônia. Temos que colocar dinheiro na floresta.»

Eles pagam para continuar poluindo…
Em última análise, o REDD implica em um pagamento a terceiros para que os países industrializados possam manter as suas cotas de emissões (leia-se consumo de combustíveis fósseis); ou seja, aceita-se dinheiro em troca do subdesenvolvimento.

E nós não nos desenvolvemos
Como afirmou Becher, aceitar dinheiro para inibir o aproveitamento econômico produtivo da região é um erro, pois a Amazônia precisa de muito mais do que de programas de combate a emissões: «A floresta é riquíssima. E esta riqueza está sendo negligenciada em função da ênfase no mercado de carbono. O mais importante é mudar o padrão de desenvolvimento da região. E não ser pago para não desmatar.»
Outro convidado presente no evento a manifestar críticas no mesmo tom de Becker foi Ricardo Abramovay, professor titular do departamento da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP. O pesquisador criticou a extrema carência de infraestrutura que da Amazônia, ressaltando que somente 12% dos domicílios têm acesso a saneamento básico e o acesso à água potável e à eletricidade são escassos.

Não há investimentos na Amazônia
Por fim, Abramovay e Becker questionaram a falta de investimentos em ciência na região, cujos institutos de pesquisa vivem em extrema precariedade de recursos. Segundo Bertha, o fato de o país possuir um grande mercado interno é prova de que podemos desenvolver competitividade em setores estratégicos para a região, como a indústria de fármacos.



Movimento de Solidariedade Íbero-americana
Créditos: este post é matéria apresentada no Boletim Eletrônico MSIa INFORMA, do MSIa – Movimento de Solidariedade Íbero-americana, Vol. II, Nº 44, de 18 de março de 2011. Introduzi subtítulos no texto para facilitar e incentivar a leitura.
MSIa INFORMA é uma publicação do Movimento de Solidariedade Ibero-americana (MSIa). Conselho Editorial: Angel Palacios, Geraldo Luís Lino, Lorenzo Carrasco (Presidente), Marivilia Carrasco, Nilder Costa e Silvia Palacios. Endereço: Rua México, 31 – sala 202 – Rio de Janeiro (RJ) – CEP 20031-144; Telefax: 0xx 21-2532-4086.

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