sábado, 6 de setembro de 2014

Série livros sobre a Amazônia - A farmacopéia Tiriyó: estudo étno-botânico - Paulo B. Cavalcante e Protásio Frikel


Cavalcante, Paulo Bezerra e Protásio Frikel. A Farmacopéia Tiriyó: estudo Etno-botânico. 1 ed. Ed. Museu Paraense Emilio Goeldi. Belém. 1973.143 p. (Publicações Avulsas do Museu Paraense Emílio Goeldi, n. 24,)



 Paulo Bezerra Cavalcante (1922, 2006),  botânico, pioneiro no estudo da flora da serra dos Carajás, Paulo Cavalcante desenvolvia pesquisas em todas as disciplinas botânicas (fisiologia vegetal, anatomia, palinologia, etnobotânica e fitogeografia). Além de pesquisador, Cavalcante - que integrava a equipe do Museu Goeldi, em Belém do Pará - atuava no campo da história da ciência, na educação ambiental, como divulgador de ciência, criando álbuns de colorir sobre a flora regional, palestrando para alunos e professores e escrevendo a mais popular obra sobre a flora amazônica, o livro "Frutas Comestíveis da Amazônia".








CAVALCANTE, Paulo Bezerra: A Farmacopéia Tiriyó
Cavalcante, Paulo Bezerra e Protásio Frikel. A Farmacopéia Tiriyó: estudo Etno-botânico. 1 ed. Ed. Museu Paraense Emilio Goeldi. Belém. 1973.143 p. (Publicações Avulsas do Museu Paraense Emílio Goeldi, n. 24,)

 





Resenha:  Ninguém ignora que as plantas medicinais ou seus extratos ainda constituem a base de grande parte dos remédios modernos, sendo estes uma forma concentrada dos elementos ativos, extraídos daquelas. Muitos grupos indígenas, especialmente quando ainda sem estreito contato com a civilização, possuem ricos conhecimentos sobre plantas medicinais e suas aplicações. Tal fato constatamos, também, entre os índios Tiriyó brasileiros, moradores das bordas sul do Tumucumaque.



Indio Tiriyó - Foto: Frickel. 1960



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Abstract: The Tiriyó Indians of the upper Paru de Oeste River, located on the brazilian side of the Tumucumaque range, still have a great knowledge about medicinal plants, a heritage from their ancestor groups named Aibuba. As an introduction, the present paper intends to give a general survey about the flora of the region and the distribution of the forest and the savana from where the plants of their medicine are taken. Also indicated is the kind of denomination of their remedies according to their applications, effects, etc., followed by a "Tiriyó Medicinal Terminology". From 328 medicinal plants collected, 171 have now been botanical classified. For a better comprehension, the data about the vegetal remedies are presented here in form of classification cards. A distinction was made between the etno-pharmacologic part and the botanical. The first part list the name of the plant in Tiriyó language, the kind of vegetal, clinical utility, parts used from the plant, the procuring and manipulation of the plant, the manner of preparing the remedy, the way to use it, effects, ethnic origin of the use plant and finally, detailed indication of the process of the preparation and application of the remedy (like "directions for use"). The botanical part includes the scientific classification, popular names, detailed description and register of the medicinal plant in the Herbarium of the Museu Goeldi. In the final chapter an attempt was made to arrive at some conclusions and deductions based on the cards mentioned above. The Appendix contains a table of classification of the whole subject.


Indios Tiriyó e Rondon. 1928.


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Outros livros sobre os Tiriyó
Fonte: ISA

FAJARDO GRUPIONI, Maria Denise. Sistema e mundo da vida tarono : um 'jardim de veredas que se bifurcam' na paisagem guianesa. São Paulo : USP, 2002. (Tese de Doutorado)
 FRIKEL, Protásio; CORTEZ, Roberto. Elementos demográficos do Alto Paru de Oeste, Tumucumaque brasileiro : índios Ewarhoyána, Kaxúyana e Tiriyó. Belém : MPEG, 1972. 108 p. (Publicações Avulsas, 19)

GRUPIONI. Luís Donisete Benzi; FAJARDO GRUPIONI, Maria Denise (Coord.). Relatório do I Curso de Formação de Professores Tiriyo e Kaxuyana. São Paulo : Mari-USP/NHII-USP, 1998. 98 p.

LETSCHERT, Bento. Dicionário Português-Tiriyó. Brasília : MEC; São Paulo : Mari/NHII, 1998. 149 p.

KOELEWIJN, Cees; RIVIÈRE, Peter. Oral literature of the Trio indians of Surinam. Dordrecht : Foris Publications Holland, 1987. 312 p.

MACEDO, Ana Vera Lopes da Silva. A alegria da descoberta : uma experiência construtivista de alfabetização. In: SILVA, Aracy Lopes da; FERREIRA, Mariana Kawall Leal (Orgs.). Práticas pedagógicas na escola indígena. São Paulo : Global, 2001. p. 136-48. (Antropologia e Educação).

MACHADO, Ângelo. O velho da montanha : uma aventura amazônica. São Paulo : Melhoramentos, 1992. 100 p.

MEIRA, Sérgio. A grammar of Tiriyo. Houston : Rice University, 1999. 816 p. (Tese de Doutorado)
PELLEGRINI, Marcos (Coord.). Relatório de viagem a Terra Indígena do Tumucumaque. Brasília : Ministério da Saúde, 1997. 43 p.
PEREIRA, Maria Denise Fajardo. Catolicismo, protestantismo e conversão : o campo de ação missionária entre os Tiriyó. In: WRIGHT, Robin (Org.). Transformando os Deuses : os múltiplos sentidos da conversão entre os povos indígenas no Brasil. Campinas : Unicamp, 1999. p. 425-46.
PLOTKIN, Mark J. An earthly paradise regained. Americas, Washington : OEA, v. 46, n. 1, p. 14-9, jan./fev. 1994.
 
SOUZA, Roberto Maria Cortez de. O diaconato indígena : articulação étnica no recôncavo do Tumucumaque brasileiro. Rio de Janeiro : UFRJ, 1977. 156 p. (Dissertação de Mestrado)
TARËNO tamu inponopï panpira (trio verhalenboek, deel 1 e 2). 2 v. Leusden : Keisi, s.d. (Mitos dos índios Tiriyó em sua própria língua contados pelos próprios Tiriyó)

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 Paulo Bezerra Cavalcante (1922-2006)
 Escrito por Ricardo de S. Secco

Biografia
 
Nasceu em 12 de julho de 1922, na cidade de Nova Cruz, Rio Grande do Norte, mas ainda menino veio para Belém, tornando-se um verdadeiro 'paraense de coração' e um dos mais dedicados pesquisadores da biodiversidade amazônica, concentrando seus estudos no ramo da Taxonomia vegetal. Durante sua vida universitária foi estagiário do Dr. João Murça Pires, no Instituto Agronômico do Norte, atualmente Embrapa Amazônia Oriental, destacando-se como um botânico promissor.
Paulo Cavalcante formou-se em 1954, na primeira turma de agrônomos da antiga Escola de Agronomia da Amazônia, posteriormente Faculdade de Ciências Agrárias do Pará (FCAP), hoje Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). Logo em seguida, no ano de 1955, ingressou no Museu Paraense Emilio Goeldi, aliando-se ao célebre time de botânicos da instituição, trabalhando ao lado de Adolpho Ducke, Walter Egler e João Murça Pires. Em parceria com Egler, organizou a seção de Botânica do Goeldi, sendo chefe a partir de 1961 e, com algumas interrupções, permaneceu no cargo até meados de 1975, ano em que o renomado Murça Pires veio da Embrapa para o Goeldi.
Dr. Paulo exerceu também a função de Curador, dedicando um cuidado todo especial ao Herbário do Museu, que funcionava precariamente no prédio da Avenida Magalhães Barata. Acumulou inúmeras vezes a função de Diretor do Museu, por ser um funcionário de confiança de seus superiores. Ele sempre cultivou uma personalidade modesta, apesar da grande importância de seus estudos sobre a diversidade das plantas da Amazônia, cujo reconhecimento pela comunidade botânica nacional e internacional continua sendo uma constante. Participou de inúmeras expedições científicas e levantamentos florísticos, destacando-se os relevantes trabalhos nos estados do Pará (nos municípios de Oriximiná, Óbidos, Santarém, em Carajás e na Zona Bragantina), no Amazonas (em São Gabriel da Cachoeira) e no Amapá (em Macapá, Calçoene e Oiapoque). A convite do Dr. Warwick Kerr ministrou, em São Luiz, um treinamento sobre coleta e guarda de material botânico, que foi o germe da criação do Herbário na Universidade Estadual do Maranhão.
Paulo Cavalcante também se dedicou à orientação de vários estagiários, alguns dos quais hoje estão atuando como pesquisadores e professores em cursos de pós-graduação. Sua produção científica é referência constante para a botânica tropical, destacando-se o clássico tratamento sobre as 'Frutas Comestíveis da Amazônia', um trabalho de fôlego logo associado ao nome do notável pesquisador. Além deste, destacam-se os ensaios taxonômicos para os gêneros Simaba, Diospyros e Gnetum, a Farmacopéia Tiryó (este com o antropólogo Protásio Frykel), as Convolvulaceae da Amazônia (com o botânico americano Daniel Austin) e a série Flora Amazônica, iniciando com as Pteridófitas (samambaias). Ele descreveu várias espécies novas para a Ciência, como Centrosema carajasensis, Diospyros manausensis, Diospyros piresii, Diospyros acreana, entre outras. Foi homenageado com a descrição das espécie Ipomoea cavalcantei , pelo seu ilustre colega Daniel Austin, Vismia cavalcantei, pela Dra. Elisabeth van den Berg, e recentemente com Diospyros cavalcantei, por Cinthia Sothers, do Royal Botanic Gardens, e Coryanthes cavalcantei, uma orquídea, pelos colegas Manoela Silva e Avaldir Oliveira, do Museu Goeldi.
Um detalhe importante a salientar, é que o Dr. Paulo foi o pioneiro no Museu a produzir obras destinadas ao grande público, sendo de sua autoria os volumes 2 e 6 da série Para Você Colorir, o Guia Botânico do Museu Goeldi e o Arboretum Amazonicum- V Década, obra esta iniciada por Jacques Huber, fundador do Herbário do Museu.
Mesmo tendo que forçosamente se aposentar, devido a uma gradual perda da visão, Paulo Cavalcante continuou sendo um símbolo para as novas gerações de botânicos da região, que nele sempre viram um exemplo a ser seguido. Tanto era assim que, qualquer dúvida que tínhamos em relação à história do Herbário do Museu ou quanto à identificação ou localização geográfica e utilização de alguma planta da região, logo nos vinha à mente o nome do Dr. Paulo, que sempre nos atendia com a maior atenção. Mas no dia 18 de janeiro de 2006, fomos surpreendidos pela triste notícia do falecimento deste ilustre colega, cujo saber se ombreava ao de um Adolfo Ducke, de um Jacques Huber, de um Murça Pires, e de alguns outros notáveis botânicos que tanto dignificaram a instituição Museu Paraense Emilio Goeldi. Pelo seu pioneirismo e dedicação constante à ciência de Martius, é que prestamos as nossas homenagens à memória do querido mestre e amigo Dr. Paulo Bezerra Cavalcante.

 Fonte: MPEG

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