David Price. Before the buldozer. Seven Lock Press. 1 ed. 1989. 212 p. ISBN: 978-0932929673 |
Resenha:
Este livro descreve
como um financiamento do Banco mundial para um projeto de
desenvolvimento descolamento dos Índios Nambiquaras ...”apenas algumas
centenas de almas” de suas terra e modo de vida. O interesse do
autor pelos Nambiquaras iniciou em 1967 quanto ele veio ao Brasil
para desenvolver seu trabalho de campos em antropologia.
Posteriormente ele trabalhou por dois anos para a Fundação Nacional
do Índio (FUNAI) aonde era o responsável pelo programa para esta
tribo. Este livro critica a politica da FUNAI e mostra a experiencia do
autor como consultante do Banco Mundial do projeto envolvendo os
Nambiquaras.
Abstract
This is the tale of one anthropologist's attempt to defend a small,
traditional society from the onslaught of development in the form of a
1,000-mile highway in western Brazil, financed in part by the World
Bank. Before The Bulldozer shows how bureaucratic processes that play
themselves out in Washington can destroy vast tracts of fragile land and
bring misery to thousands.
When the World Bank was considering a $425 million loan to Brazil
to construct a thousand-mile highway across the country, social
anthropologist Price was hired as a consultant. His job was to evaluate
the effects of the proposed highway on native peoples, and recommend
action to protect their interests. He had experience in Brazil--three
years of fieldwork among the Nambiquara in western Brazil and two years
with FUNAI, the government agency responsible for Indian affairs.
Price's advice was ignored by the World Bank and the Brazilian
government, as was advice by ecologists, demographers, forestry and
agriculture experts. He relates here events that led to a major
ecological disaster in the Third World, one that continues with
cooperation and encouragement from the developed world. This is a tale
of corruption, racism and bureaucratic blindness that raises a question
of morality: Can we afford this kind of "development" in the Third
World? Price returned to Brazil in 1986 as a tourist to discover chaos
and calamity: tropical forest gone, settlers finding worthless land,
desertification, misery among the Indians. The author points out that
Brazil is not unique--the same thing occurs in other "developing"
countries. A tragic story.
Fonte: Amazon Books
Historia escrita dos Ìndios Nambiquaras
Fonte: ISA
Os primeiros dados etnográficos sobre os Nambiquara encontram-se reunidos nas publicações da Comissão Rondon. David Price (1972) menciona esses relatos e observa que a maior parte deles refere-se à cultura material e à localização geográfica dos diferentes grupos nambiquara. Segundo ele, os relatos de Antonio Pyreneus de Souza (1920), engenheiro responsável pelo transporte de material para os Postos telegráficos, são os de maior interesse para os antropólogos, pois contém cuidadosas observações sobre a economia alimentar e a vida cotidiana dos Nambiquara. Price cita, ainda, os registros feitos por viajantes que estiveram na região habitada pelos Nambiquara, mas que não estavam diretamente relacionados à Comissão Rondon, como Roosevelt e Max Schmidt.
Em 1912, Edgard Roquette-Pinto, então professor de antropologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro etnólogo a visitar os Nambiquara na região da Serra do Norte. Ele já havia estudado o material enviado pela Comissão Rondon ao Museu Nacional, contendo vários objetos coletados entre os diversos grupos Nambiquara. No livro Rondônia, publicado em 1917 nos “Arquivos do Museu Nacional”, Roquette-Pinto descreve sua experiência com os Nambiquara e registra informações importantes sobre a cultura material desses grupos, mencionando os objetos que foram por ele coletados para ampliar a coleção do Museu Nacional. Além disso, este autor também fez registros visuais (em película) de duas festas de guerra e registros sonoros das músicas dos Nambiquara, sendo que duas delas estão transcritas em seu livro.
O antropólogo Claude Lévi-Strauss esteve com os Nambiquara em 1938, tendo convivido com diferentes grupos que estavam em acampamentos temporários localizados nas proximidades dos Postos telegráficos construídos pela Comissão Rondon. Em 1948, Lévi-Strauss publicou uma etnografia dos Nambiquara intitulada La vie familiale et sociale des indiens Nambikwara, que foi parcialmente publicada em Tristes Trópicos (1955), além de vários artigos nos quais aborda, a partir do material etnográfico relativo aos Nambiquara, os seguintes temas: parentesco; chefia; nomeação; relação entre guerra e comércio nas sociedades ameríndias; sistemas dualistas de organização social; noção de arcaísmo na antropologia e xamanismo. Ele assina também o artigo sobre os Nambiquara no Hanbook of South American Indians (1948).
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Na expedição ao Brasil Central, Lévi-Strauss foi acompanhado pelo médico
Jean Vellard, que publicou um artigo sobre a preparação do curare entre
os Nambiquara (1939), e por Luiz de Castro Faria, que publicou um livro
com suas notas de campo e os registros fotográficos que fez da
expedição (2001).
Em 1949, Kalervo Oberg esteve na missão jesuítica de Utiariti, onde realizou sua pesquisa com os Nambiquara do grupo que ele denominou “Waklitisu” (i.e. Wakalitesu), composto na época por 18 pessoas. Seu trabalho versa sobre a organização social, as práticas religiosas e ciclo de vida dos Nambiquara.
Dez anos depois, Lajos Boglár visitou Utiariti e, assim como Oberg, não saiu da missão. Lá registrou as músicas dos Nambiquara, que foram analisadas por Halmos. Em 1968, René Fuerst coletou artefatos entre os grupos Nambiquara do vale do Sararé, que foram enviados a museus na Europa.
O engenheiro Desidério Aytai realizou pesquisas na década de 1960 com os Nambiquara e publicou uma série de artigos. Price escreveu um artigo intitulado “Desidério Aytai: o engenheiro como etnógrafo” (1988), mencionando o trabalho deste autor que, embora não tivesse formação antropológica, registrou detalhadamente as músicas das flautas e aspectos da amarração do arco entre os grupos nambiquara.
Em agosto de 1963, Aytai visitou os Mamaindê. Entre junho e julho de 1964, esteve com os grupos do vale do Sararé. No período de junho a julho de 1966, voltou novamente aos Mamaindê e, em julho de 1967, esteve com os Nambiquara da aldeia Serra Azul (Halotésú) e com os grupos da região banhada pelo rio Galera (Wasusú). Mas foi no final da década de 1960 que estudos envolvendo trabalhos de campo de longa duração começaram a ser feitos entre os grupos nambiquara.
O antropólogo Cecil Cook da Universidade de Harvard iniciou, em 1965, seu trabalho de campo entre os Nambiquara das aldeias de Serra Azul e Camararé (grupos do cerrado), mas, infelizmente, os resultados de sua pesquisa nunca foram publicados. Tenho conhecimento apenas de um artigo que ele assina junto com Price (1969), que oferece um panorama geral da situação dos Nambiquara neste período.
produtivo da economia Mamaindê, e resultou em uma tese defendida na Universidade de
Cornell, em 1975, e em alguns artigos sobre a agricultura e o comércio de artefatos entre os
Mamaindê.
Dentre os trabalhos mais recentes sobre os Nambiquara, estão a tese de doutorado de Alba Lucy Figueroa sobre antropologia aplicada à ação sanitária entre os Negarotê; a dissertação de mestrado de Marcelo Fiorini sobre a noção de pessoa e a nomeação entre os Wasusu, e os trabalhos de Anna Maria Ribeiro Costa sobre os grupos Nambiquara do cerrado.
Há, ainda, dois artigos importantes sobre a música Nambiquara: o artigo de Avery sobre a música vocal dos Mamaindê e o artigo de Lesslauer, “Aspectos culturais e musicais da música dos Nambiquara” (1999). Neste último artigo, o autor apresenta um bom resumo do que foi escrito sobre os Nambiquara até este período.
Deve-se mencionar, ainda, os trabalhos produzidos por missionários do Summer Institute of Linguistics (Peter Kingston, Bárbara e Menno Kroeker, Ivan Lowe e David Eberhard) sobre as línguas Nambiquara e as publicações do padre jesuíta Adalberto de Hollanda Pereira, que registrou vários mitos dos grupos Nambiquara do vale do Juruena.
Em 1949, Kalervo Oberg esteve na missão jesuítica de Utiariti, onde realizou sua pesquisa com os Nambiquara do grupo que ele denominou “Waklitisu” (i.e. Wakalitesu), composto na época por 18 pessoas. Seu trabalho versa sobre a organização social, as práticas religiosas e ciclo de vida dos Nambiquara.
Dez anos depois, Lajos Boglár visitou Utiariti e, assim como Oberg, não saiu da missão. Lá registrou as músicas dos Nambiquara, que foram analisadas por Halmos. Em 1968, René Fuerst coletou artefatos entre os grupos Nambiquara do vale do Sararé, que foram enviados a museus na Europa.
O engenheiro Desidério Aytai realizou pesquisas na década de 1960 com os Nambiquara e publicou uma série de artigos. Price escreveu um artigo intitulado “Desidério Aytai: o engenheiro como etnógrafo” (1988), mencionando o trabalho deste autor que, embora não tivesse formação antropológica, registrou detalhadamente as músicas das flautas e aspectos da amarração do arco entre os grupos nambiquara.
Em agosto de 1963, Aytai visitou os Mamaindê. Entre junho e julho de 1964, esteve com os grupos do vale do Sararé. No período de junho a julho de 1966, voltou novamente aos Mamaindê e, em julho de 1967, esteve com os Nambiquara da aldeia Serra Azul (Halotésú) e com os grupos da região banhada pelo rio Galera (Wasusú). Mas foi no final da década de 1960 que estudos envolvendo trabalhos de campo de longa duração começaram a ser feitos entre os grupos nambiquara.
O antropólogo Cecil Cook da Universidade de Harvard iniciou, em 1965, seu trabalho de campo entre os Nambiquara das aldeias de Serra Azul e Camararé (grupos do cerrado), mas, infelizmente, os resultados de sua pesquisa nunca foram publicados. Tenho conhecimento apenas de um artigo que ele assina junto com Price (1969), que oferece um panorama geral da situação dos Nambiquara neste período.
David Price foi o antropólogo que mais tempo permaneceu em campo, entre
os anos de 1967 e 1970. Durante 14 meses, ele pode percorrer quase todo o
território nambiquara e esteve em aldeias de diversos grupos. Este
autor defendeu sua tese de doutorado, em 1972, na Universidade de
Chicago e publicou inúmeros artigos. Criou o “Projeto Nambiquara” para a
Funai e, assim, retornou às aldeias Nambiquara entre os anos de 1974 e
1976.
O Projeto Nambiquara visava estabelecer mecanismos de atuação do órgão indigenista nas aldeias que permitissem, sobretudo, reduzir a alta taxa de mortalidade dos Nambiquara, além de reunir informações para garantir a demarcação de novas áreas para esses grupos. Price também atuou como consultor do Banco Mundial, financiador do Projeto Polonoroeste, em 1980, e publicou em 1989 um livro.que é resultado dessa experiência.
Entre os anos de 1968 e 1971, Paul Aspelin realizou sua pesquisa de
campo com os Mamaindê. Seu trabalho tinha um foco bastante específico,
que incidia sobre o sistemaO Projeto Nambiquara visava estabelecer mecanismos de atuação do órgão indigenista nas aldeias que permitissem, sobretudo, reduzir a alta taxa de mortalidade dos Nambiquara, além de reunir informações para garantir a demarcação de novas áreas para esses grupos. Price também atuou como consultor do Banco Mundial, financiador do Projeto Polonoroeste, em 1980, e publicou em 1989 um livro.que é resultado dessa experiência.
produtivo da economia Mamaindê, e resultou em uma tese defendida na Universidade de
Cornell, em 1975, e em alguns artigos sobre a agricultura e o comércio de artefatos entre os
Mamaindê.
Dentre os trabalhos mais recentes sobre os Nambiquara, estão a tese de doutorado de Alba Lucy Figueroa sobre antropologia aplicada à ação sanitária entre os Negarotê; a dissertação de mestrado de Marcelo Fiorini sobre a noção de pessoa e a nomeação entre os Wasusu, e os trabalhos de Anna Maria Ribeiro Costa sobre os grupos Nambiquara do cerrado.
Há, ainda, dois artigos importantes sobre a música Nambiquara: o artigo de Avery sobre a música vocal dos Mamaindê e o artigo de Lesslauer, “Aspectos culturais e musicais da música dos Nambiquara” (1999). Neste último artigo, o autor apresenta um bom resumo do que foi escrito sobre os Nambiquara até este período.
Deve-se mencionar, ainda, os trabalhos produzidos por missionários do Summer Institute of Linguistics (Peter Kingston, Bárbara e Menno Kroeker, Ivan Lowe e David Eberhard) sobre as línguas Nambiquara e as publicações do padre jesuíta Adalberto de Hollanda Pereira, que registrou vários mitos dos grupos Nambiquara do vale do Juruena.
Anna Maria Ribeiro F Moreira da Costa. Hatsu Nambiquara: lembranças que viraram histórias. Tanta Tinta. 1 ed. 2005 |
Este livro apresenta relatos que dão identidade ao povo Nambiquara do
Cerrado. Mostra o fabrico de cada um dos artefatos utilizados pela tribo
que além da beleza apresentam informações sobre a religião, a política,
a economia e até mesmo sobre a cosmologia. O livro é rico em ilustração
feitas por Loyuá, uma garota que desde pequenina adormece ao som das
cantigas e histórias Nambiquaras.
Anna Maria Ribeiro F Moreira da Costa. O homem algodão: uma etno-história Nambiquara. Tanta Tinta. Cuiabá. 1 ed. 2009. 424 p. |
Resenha:
Esta
obra pretende oferecer como contribuição aos 'não índios', um conjunto
de conhecimentos e saberes indígenas que lhes servirão de parâmetro para
um repensar da vivência do homem 'branco' em sua relação com a
natureza, com os outros homens e com o sobrenatural, pois os valores
emanados da vivência Nambiquara apontam para os dilemas da sociedade
Ocidental.
Postagem: Setembro de 2014
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