Ermanno Stradelli (Borgo Val di Taro - Piacenza - Emilia-Romagna - Italia, 8 de dezembro de 1852 — Leprosário Umirizal em Manaus, 21 de março de 1926) foi um conde, folclorista, explorador, fotógrafo e etnógrafo ítalo-brasileiro.
Stradelli realizou expedições à Amazônia, recolhendo relatos de mitos dos povos indígenas, dentre os quais os uananas.[2] Vários relatos foram publicados no final do século XIX nos boletins da Società Geographica Italiana.
Stradelli realizou expedições à Amazônia, recolhendo relatos de mitos dos povos indígenas, dentre os quais os uananas.[2] Vários relatos foram publicados no final do século XIX nos boletins da Società Geographica Italiana.
As navegações na bacia amazônica e as viagens
Chegando em Manaus em 1879, passa alguns meses junto aos missionários franciscanos, para aperfeiçoar o português. Já em 1880 viaja pelo Rio Purus e seus afluentes; depois, sobe o Rio do Amazonas até Fonte Boa e Loreto, onde encontra outro conde, Alessandro Sabatini, que lhe transmite a paixão pela “língua boa”, o nheengatu, que o acompanhará durante a vida toda. No Rio Juruá, assiste à extração da borracha e estuda de perto o trabalho dos seringueiros. Acometido pela malária, volta a Manaus para se restabelecer.
Em 1881, navega no rio Uaupés, rico em lendas e histórias, e conhece os estudiosos João Barbosa Rodrigues, Antonio Brandão de Amorim, e Maximiano José Roberto, que faziam pesquisa etnográfica na região. Interessado pela cultura dos índios Tariana e Tucano, Ermanno começa a estudar os idiomas e a tradição oral destas tribos. Interessa-se, particularmente, pela controversa figura de Jurupari: diabo, herói ou deus segundo as diferentes versões, e decide descobrir a verdade sobre este mito.
Em 1882, participa da Comissão Brasileira para as Fronteiras com a Venezuela e percorre o Rio Padauiri. Logo depois volta a navegar no Uaupés, subindo-o até Jauareté-cachoeira. Percorre o afluente Apapori, até que nova crise de malária obriga-o a parar. Em 1883, passa uma temporada em Itacoatiara, onde começa a organizar seus registros de viagem e as muitas definições das palavras em nheengatu que tinha coletado, com o objetivo de realizar um vocabulário. Colabora com João Barbosa Rodrigues na fundação do Museu Botânico de Manaus. Apesar de suas precárias condições físicas, em 1884, aceita o convite para participar da expedição de pacificação dos índios Crichanás (Waimiri – Atroari) do rio Jauaperi comandada pelo próprio Rodrigues. Será uma viagem fundamental para Ermanno, pois confirma-lhe toda a violência e a estupidez da prática dos brancos, que pretendiam civilizar os índios impondo unilateralmente a própria visão de mundo, destruindo e matando.
No mesmo ano volta à Itália para terminar os estudos universitários; começa a advogar em Gênova e publica, junto ao editor de Piacenza, Vincenzo Porta, “Eiara: leggenda Tupi-Guarani, e La confederazione dei Tamoi. Poema épico”, tradução da obra indianista de Domingo José Gonçalves de Magalhães. Em 1886 participa do VI Congresso Internacional de Americanistas em Turim.
Porém, tem o forte desejo de voltar para a Amazônia e, ao mesmo tempo, realizar uma verdadeira empreitada de geógrafo. Junto com o amigo Augusto Serra, decide ir em busca da nascente do rio Orenoco. Com o apoio da Società Geografica, mas contando somente com recursos próprios, em fevereiro de 1887, parte do porto de Marselha rumo à Venezuela. Em Caracas è recebido pelo Presidente da República, que oferece auxílio para a expedição. Enquanto espera a chegada de Serra, é informado que Chaffanjon já teria individuado as nascentes. Stradelli, porém, desconfia, e decide, apesar da renuncia do amigo e sem o equipamento que este devia trazer, seguir viagem. Da ilha de Trinidad chega em Puerto d’España; de Ciudad Bolivar prossegue para Porto Samuro, Maipures, e, através do baixo Vichada, afluente do Orinoco, chega em S. Fernando de Atabapo. Neste lugar abandona a empreitada. No início de 1888, passa a fronteira e transcorre um mês em Cucuí, posto militar de fronteira. Retoma, então, a viagem rumo a Vista Alegre. Em fevereiro já está em Manaus. Desta longa jornada restaram-nos os detalhados relatos que enviou pontualmente para a Società Geografica e que foram publicados no Boletim. Em 1890 e 1891 volta pela terceira e última vez a viajar por seu amado Uaupés, deixando brilhantes descrições da natureza, dos homens e dos costumes.
Vida de juiz e pesquisador
Em 1893 naturaliza-se brasileiro e entra na magistratura. Nomeado Promotor público, presta serviço em Manaus e depois em Lábrea, no Rio Purus. O projeto de realizar um trust ítalo-brasileiro para combater o monopólio anglo-americano na extração e no comércio da borracha o faz voltar para a Itália, em 1897, para propor o negócio ao industrial Giovanni Battista Pirelli, que não aceita.
Frustrado, Stradelli volta a Manaus e ao trabalho de juiz. Conduz uma existência simples, operosa e reservada, organizando as anotações recolhidas nas viagens e revisando os inúmeros verbetes do vocabulário, sua obra mais trabalhosa e ambiciosa, que sonha ver um dia publicada. Em 1901 faz uma última viagem breve à Itália, da qual temos indícios porque proferiu uma conferência no Collegio Romano, sede da Società Geografica.
Em 1912 é transferido para Tefé. Com os anos se manifestam os primeiros sinais da doença de Hansen. Em 1923 é exonerado do cargo e internado no leprosário de Umirizal, onde morre em 1926, numa pequena cabana, na companhia, apenas, dos diários, dos mapas geográficos e das muitas lembranças.
Chegando em Manaus em 1879, passa alguns meses junto aos missionários franciscanos, para aperfeiçoar o português. Já em 1880 viaja pelo Rio Purus e seus afluentes; depois, sobe o Rio do Amazonas até Fonte Boa e Loreto, onde encontra outro conde, Alessandro Sabatini, que lhe transmite a paixão pela “língua boa”, o nheengatu, que o acompanhará durante a vida toda. No Rio Juruá, assiste à extração da borracha e estuda de perto o trabalho dos seringueiros. Acometido pela malária, volta a Manaus para se restabelecer.
Em 1881, navega no rio Uaupés, rico em lendas e histórias, e conhece os estudiosos João Barbosa Rodrigues, Antonio Brandão de Amorim, e Maximiano José Roberto, que faziam pesquisa etnográfica na região. Interessado pela cultura dos índios Tariana e Tucano, Ermanno começa a estudar os idiomas e a tradição oral destas tribos. Interessa-se, particularmente, pela controversa figura de Jurupari: diabo, herói ou deus segundo as diferentes versões, e decide descobrir a verdade sobre este mito.
Em 1882, participa da Comissão Brasileira para as Fronteiras com a Venezuela e percorre o Rio Padauiri. Logo depois volta a navegar no Uaupés, subindo-o até Jauareté-cachoeira. Percorre o afluente Apapori, até que nova crise de malária obriga-o a parar. Em 1883, passa uma temporada em Itacoatiara, onde começa a organizar seus registros de viagem e as muitas definições das palavras em nheengatu que tinha coletado, com o objetivo de realizar um vocabulário. Colabora com João Barbosa Rodrigues na fundação do Museu Botânico de Manaus. Apesar de suas precárias condições físicas, em 1884, aceita o convite para participar da expedição de pacificação dos índios Crichanás (Waimiri – Atroari) do rio Jauaperi comandada pelo próprio Rodrigues. Será uma viagem fundamental para Ermanno, pois confirma-lhe toda a violência e a estupidez da prática dos brancos, que pretendiam civilizar os índios impondo unilateralmente a própria visão de mundo, destruindo e matando.
No mesmo ano volta à Itália para terminar os estudos universitários; começa a advogar em Gênova e publica, junto ao editor de Piacenza, Vincenzo Porta, “Eiara: leggenda Tupi-Guarani, e La confederazione dei Tamoi. Poema épico”, tradução da obra indianista de Domingo José Gonçalves de Magalhães. Em 1886 participa do VI Congresso Internacional de Americanistas em Turim.
Porém, tem o forte desejo de voltar para a Amazônia e, ao mesmo tempo, realizar uma verdadeira empreitada de geógrafo. Junto com o amigo Augusto Serra, decide ir em busca da nascente do rio Orenoco. Com o apoio da Società Geografica, mas contando somente com recursos próprios, em fevereiro de 1887, parte do porto de Marselha rumo à Venezuela. Em Caracas è recebido pelo Presidente da República, que oferece auxílio para a expedição. Enquanto espera a chegada de Serra, é informado que Chaffanjon já teria individuado as nascentes. Stradelli, porém, desconfia, e decide, apesar da renuncia do amigo e sem o equipamento que este devia trazer, seguir viagem. Da ilha de Trinidad chega em Puerto d’España; de Ciudad Bolivar prossegue para Porto Samuro, Maipures, e, através do baixo Vichada, afluente do Orinoco, chega em S. Fernando de Atabapo. Neste lugar abandona a empreitada. No início de 1888, passa a fronteira e transcorre um mês em Cucuí, posto militar de fronteira. Retoma, então, a viagem rumo a Vista Alegre. Em fevereiro já está em Manaus. Desta longa jornada restaram-nos os detalhados relatos que enviou pontualmente para a Società Geografica e que foram publicados no Boletim. Em 1890 e 1891 volta pela terceira e última vez a viajar por seu amado Uaupés, deixando brilhantes descrições da natureza, dos homens e dos costumes.
Vida de juiz e pesquisador
Em 1893 naturaliza-se brasileiro e entra na magistratura. Nomeado Promotor público, presta serviço em Manaus e depois em Lábrea, no Rio Purus. O projeto de realizar um trust ítalo-brasileiro para combater o monopólio anglo-americano na extração e no comércio da borracha o faz voltar para a Itália, em 1897, para propor o negócio ao industrial Giovanni Battista Pirelli, que não aceita.
Frustrado, Stradelli volta a Manaus e ao trabalho de juiz. Conduz uma existência simples, operosa e reservada, organizando as anotações recolhidas nas viagens e revisando os inúmeros verbetes do vocabulário, sua obra mais trabalhosa e ambiciosa, que sonha ver um dia publicada. Em 1901 faz uma última viagem breve à Itália, da qual temos indícios porque proferiu uma conferência no Collegio Romano, sede da Società Geografica.
Em 1912 é transferido para Tefé. Com os anos se manifestam os primeiros sinais da doença de Hansen. Em 1923 é exonerado do cargo e internado no leprosário de Umirizal, onde morre em 1926, numa pequena cabana, na companhia, apenas, dos diários, dos mapas geográficos e das muitas lembranças.
Fonte: Wikipedia
Fonte: http://www.memorial.org.br/2013/04/ermanno-stradelli-1852-1926/
Sua vida foi publicada em livro por Luís da Câmara Cascudo, intitulado Em Memória de Stradelli,[1] onde o autor principia se queixando da falta de dados então encontrada: "Quase nada se sabia dele. Morrera em 1926 e seu nome se diluíra na sombra, como uma inutilidade. Raras citações. Raríssimos informadores. Percentagem altíssima em erros, enganos, omissões”; o livro foi publicado em 1936.[3]
Bibliografia
de autoria de Stradelli:
- 1876, Una gita a Rocca d'Olgisio, Tipografia V. Porta, Piacenza
- 1877, Tempo sciupato, Tipografia Marchesotti
- 1885, La confederazione dei Tamoi (tradução para o italiano da obra de Magalhães), Tipografia V. Porta, Piacenza
- 1890, Il Vaupes e gli Vaupes. Boletim da Società Geografica Italiana, 3a. serie, vol. 3, 425-453.
- 1898, Ajuricaba, poema publicado no jornal brasileiro "O Correio do Purus"
- 1900, Due legende amazzoniche, Tipografia V. Porta, Piacenza
- 1900, Pitiapo, editora desconhecida
- 1910, Vocabulários de Línguas Faladas no Rio Branco, in Relatório Geral do Congresso Cientifico Latino-americano. Vol. VI, Rio de Janeiro
- 1928, Vocabulário Nheengatu-Português e Português-Nheengatu, Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro
- Tradutor do poema épico de Gonçalves Dias
La Confederazione dei Tamoi. Poema Epico di D.J.G. de Magalhaens, publicada em 1885 por Vincenzo Porta Libraio-Editore, em Piacenza, Itália. Versione del Conte Ermano Stradelli. |
Fonte: Vera Lúcia Bianco, 1995.
Bibliografia
sobre Stradelli:
- BERNARDINI, Aurora Fornoni. Introdução. In STRADELLI, Ermanno. Lendas e notas de viagem – A Amazônia de Ermanno Stradelli. São Paulo: Martins, 2009
- FONTANA, Riccardo. A Amazônia de Ermanno Stradelli. Brasília, 2006
- NAVARRO, Eduardo de Almeida. O Conde Italiano Ermanno Stradelli: um mestre do nheengatu no século XX
- STRADELLI, Ermanno. Lendas e notas de viagem – A Amazônia de Ermanno Stradelli. São Paulo: Martins, 2009
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