Monte Reel. O último da tribo: a epopeia para salvar um índio isolado na Amazônia. Trad. Marcos Bagno. Companhia das Letras. 2011. 272 p. ISBN 9788535919677 |
Sinpose:
O relato desta aventura parte de uma história real e recente: a
descoberta, em 1996, de uma tribo composta de um único índio. Ele vivia
em pequenas ocas que construía com madeira e folhas de palmeira, e ao
lado delas, no chão, sempre havia um misterioso buraco retangular. Numa região de Rondônia onde a floresta amazônica rapidamente cedia espaço para as fazendas, e onde se sabia que fazendeiros assassinavam índios para não perder propriedades para as reservas, era urgente proteger esse homem. Porém, para garantir a criação de uma reserva, a equipe da Funai conhecida como Frente de Contato tinha de saber mais sobre o índio solitário. Era preciso definir, entre outras coisas, a tribo de origem, os costumes e a língua dele. Tudo isso sem usar a força e correndo o risco de levar flechadas. Caso contrário, nada poderia ser feito. Trava-se então uma longa batalha com várias frentes de combate: as buscas em meio à selva; o difícil contato com o índio arisco, que não admitia a aproximação dos desconhecidos; os fazendeiros com seus capangas e advogados; e o emaranhado da burocracia dos órgãos oficiais em Brasília. |
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O Indígena da Terra
Tanaru: símbolo da resistência de um povo quase extinto
Um único indígena,
remanescente de uma etnia desconhecida, ameaçado pelo Complexo do
Madeira, se abriga e sobrevive da floresta amazônica, fugindo de
qualquer forma de contato com outra cultura. O legado do seu
conhecimento ancestral será reconhecido, no futuro, apenas pelos
vestígios que deixará. Fonte:Telma Delgado Monteiro
Estudos feitos pela
Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé em colaboração com a
Fundação Nacional do Índio (FUNAI) confirmaram a presença, na
Terra Indígena Tanaru, de um único indivíduo, remanescente de uma
etnia de povo indígena isolado, nômade, que sobrevive no interior
da floresta e que representa um verdadeiro símbolo de resistência.
Ele é conhecido vulgarmente como Índio do Buraco devido à forma
como se abriga, usando uma cova cavada no centro da maloca (foto).
Indígenas isolados ou
em isolamento voluntário são aqueles sobre os quais se tem pouca ou
nenhuma informação. Os povos indígenas em isolamento voluntário
evitam qualquer contato com a sociedade e buscam seu isolamento no
interior das florestas tropicais de difícil acesso. Eles defendem
seus territórios e protegem a biodiversidade de regiões intactas
dentro da Amazônia e, ao permanecerem em isolamento voluntário,
garantem a preservação dos recursos naturais indispensáveis a sua
sobrevivência.
Aidentificação dos
seus territórios e a promoção de mecanismos que possam tirar de
risco de extinção esses povos, são tratadas, ainda, de forma
tímida pelos governos dos países da Amazônia. Em 2006, foi
realizado em Santa Cruz de La Sierra, Bolívia, um seminário para
tratar especificamente dos isolados e de formas de proteção e
reconhecimento dos seus direitos.
Neste momento é
preciso ainda identificar e suprir a ausência de marcos legais,
institucionais e de políticas públicas que visem garantir a
“proteção física, cultural e territorial dos povos indígenas
isolados e em contato inicial”. A proteção desses povos requer,
principalmente, o compromisso dos governos e das diferentes
instâncias governamentais no implemento de ações concretas que
levem a resultados eficazes e em curto prazo. É importante
reforçar os mecanismos legais e administrativos que garantam e
potencializem o reconhecimento dos direitos fundamentais dos povos
indígenas em isolamento ou em contato inicial. Direitos específicos
como o direito à autodeterminação, ao território próprio, à sua
cultura e modo de vida e ao seu desenvolvimento têm que ser
reforçados com medidas imediatas de proteção para evitar as
agressões de que estão sendo alvo.