sábado, 11 de junho de 2011

LIVROS DE SÉRGIO SANT'ANNA

Sérgio Sant'Anna  é um escritor carioca notório pelo caráter experimental, abordando temas urbanos de várias formas diferentes, algumas bastante transgressivas. (Fonte: wikipedia)

Seu romance mais célebre é As Confissões de Ralfo, publicado em 1975. O livro é a história de um escritor que decide escrever uma "autobiografia imaginária", narrando vários fatos extraordinários numa sucessão inverossímil. O livro satiriza vários estilos consagrados: o diário de bordo, o filme de ação, o discurso utópico e, até mesmo, no auge da ditadura militar brasileira, os relatos de tortura. O autor já ganhou por duas vezes o prêmio Jabuti e, também por duas vezes, foi agraciado com o prêmio Status de Literatura, além de ter traduções de sua obra lançadas na Alemanha e na Itália.


 Bibliografia

  • O sobrevivente (contos, 1969)


  • Notas de Manfredo Rangel, repórter (contos, 1973)


  • Confissões de Ralfo (romance, 1975)

Resenha no Blog Leia Livros

"Confissões de Ralfo: Uma Autobiografia Imaginária.", de Sérgio Sant'anna. Um romance memorialista, irônico e multifacetado de um personagem escritor, saltimbanco, aventureiro, revolucionário, ator, vagabundo, proscrito, subversivo. Sérgio Sant'anna, nas palavras do personagem Ralfo, inaugura o "romance desestrutural". Um romance que traz a "caotificação da ordem como expressão literária", levando o leitor a testemunhar aventuras quase inimagináveis num livro "insólito e anárquico", promovendo uma "completa desmistificação de todas as estruturas sociais e das formas artísticas de representá-las, codificá-las e criticá-las, inclusive a literária."



  • Simulacros (romance, 1977)




Um romance de geração - Companhia das Letras

Lançado originalmente em 1980, Um romance de geração tem a estrutura de uma peça de teatro - mas é um romance. Vindo de Minas Gerais, o escritor Carlos Santeiro mora em Copacabana, num minúsculo apartamento alugado. O fato de ser autor de um livro de sucesso não o impede de atravessar uma crise total: afetiva, existencial e literária. É nesse estado de espírito que recebe a visita de uma jornalista que escreve uma matéria sobre a literatura brasileira do período da ditadura e da pós-ditadura. Santeiro transforma a entrevista num ato teatral incisivo - um romance breve de sua geração -, questionando sua vida, seus amores, seus ideais estéticos e políticos, sua utopia revolucionária, sua solidão e seu alcoolismo. Contrapondo constantemente a experiência pessoal à peça de um amigo, Santeiro/Sant'Anna se move num mundo que funciona como um jogo de espelhos. Nele, os elementos se confundem e a experiência não gera uma ideia de futuro: uma e outra vez surge a mesma parede cega que parece ser a herança dos que acreditaram nas utopias dos anos 1970.

"Obra que nasce da dúvida, dos questionamentos, do desconforto do artista diante do próprio fazer literário num momento de opressão." - Regina Dalcastagnè, Universidade de Brasília

  • O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro (contos, 1982) - Prêmio Jabuti

  • Junk-Box (poesia, 1984)

  • A tragédia brasileira (romance-teatro, 1984)



A Tragédia Brasileia - Companhia das Letras

Em A tragédia brasileira, publicado originalmente em 1987, a exuberância temática e o experimentalismo formal de Sérgio Sant'Anna se resolvem numa síntese brilhante. Definido pelo próprio autor como um "romance-teatro", o livro tem traços de romance, monólogo, teatro e ensaio.
O centro da obra é o atropelamento de Jacira, uma menina de doze anos com a sexualidade prestes a desabrochar. O episódio é recriado do ponto de vista de várias testemunhas, entre elas o Poeta voyeur de espírito romântico e suicida e o próprio Motorista, para quem a menina se torna objeto de desejo, adoração e culpa. Ao conduzir as ramificações da história, o Autor-Diretor enfrenta seus próprios dilemas pessoais na relação com o elenco e nos percalços do processo criativo.
Mais do que compor um enredo com início, meio e fim, Sant'Anna procura extrair do acidente todas as possibilidades estéticas e emocionais: "a partir dessa pequena morte, refletir tudo", diz o autor. Em um epílogo memorável, Buda e Jesus Cristo aparecem como protagonistas de uma bem-humorada reflexão filosófica e religiosa.


  • Amazona (novela, 1986) - Prêmio Jabuti




A Senhorita Simpson - Companhia das Letras

Em A senhorita Simpson - a novela que, junto com alguns contos novos, compõe este volume -, as personagens do livro didático de um curso de inglês em Copacabana, misturam-se aos alunos, numa fábula anglo-americana-carioca vertiginosa. Num primeiro momento, impassível como uma personagem de Henry James; depois, decididamente à vontade, uma bostoniana senhorita Simpson assiste a esse efeito delicioso de empastelamento cultural. O que Sérgio Sant'Anna busca, mais do que a consumada e arrebatante emoção estética, é a cena, a encenação, a lei dessa emoção.



  • Breve história do espírito (contos, 1991)

Breve História do Espírito - Companhia das Letras

Depois do sucesso de A senhorita Simpson, Sérgio Sant'Anna voltou à cena literária com Breve história do espírito. São três peças de ficção cuja linguagem sempre inventiva capta momentos especiais na vida de homens que, em idades diferentes, procuram sair de situações que podem parecer difíceis, mas não deixam de ser extremamente divertidas. As personagens falam muito, perdem-se por entre palavras, tentando dar conta de tarefas simples que se transformam em verdadeiros desafios: um exame de seleção para uma vaga de redator de folhetos religiosos, a aula inaugural de um curso universitário sobre estética e filosofia da comunicação, uma festa de despedida na casa de um general da reserva. Nessas circunstâncias, responder à pergunta "Quem sou eu?" torna-se uma ótima e cômica oportunidade para falar sobre tudo, desde a Gênese bíblica até o jogo de basquete. Assim, as personagens parecem construir um palanque imaginário, constituindo a principal platéia de seus desvarios de linguagem. O que é sério ganha um formidável tom humorístico e a retórica não passa de artimanha, de armadilha. Mas por trás do emaranhado de frases de efeito, em Breve história do espírito estão representados seres que experimentam algo fundamental: a necessidade de usar as palavras como sinal de comunicação, gesto que nos faz essencialmente humanos.
  • O monstro (contos, 1994)

O Monstro - Companhia das Letras

Nas três narrativas de O monstro Sérgio Sant'Anna mescla gêneros diversos, da epístola à entrevista policial, explorando mais uma faceta de seu universo surpreendente: feito de paixões rigorosas e raciocínios imprevistos, nele o insólito e o banal, o instinto e uma acurada reflexão mental caminham lado a lado.
Os relatos aqui reunidos destrincham os próprios rituais de transgressão pelos quais o desejo se transforma em narrativa - e vice-versa. De comum, as três histórias trazem a marca de um erotismo que talvez seja mais da mente que do corpo e que nunca está isento de um voyeurismo cuja lógica implícita transforma o leitor em cúmplice de atos tresloucados.



Um Crime Delicado - Companhia das Letras

Ambientado no Rio de Janeiro, Um crime delicado conta em primeira pessoa a história de Antônio Martins, um crítico de arte cinqüentão que se envolve com Inês, uma jovem manca a respeito de quem ele não sabe quase nada. Depois de muitas buscas e especulações, o crítico descobre que Inês é modelo do artista plástico Vitório Brancatti e suspeita de que este mantenha com ela uma relação ambígua, entre paternal e sádica. Este livro de Sérgio Sant'Anna é várias coisas ao mesmo tempo: insinuante trama policial, história de amor embebida num erotismo insólito e reflexão sobre a arte e a crítica.

Prêmio Jabuti 1998 de Melhor Romance


 50 Contos e 3 Novelas (contos, 2007) 



Contos - Companhia das Letras

Os contos de Sérgio Sant'Anna parecem demonstrar que há uma narrativa latente em todas as coisas do mundo: no quadro de Balthus e na entrevista do assassino psicopata, no concerto de João Gilberto que não houve e na foto desbotada do Rio dos anos 20, na aula de filosofia e na carta de amor, na conversa telefônica e no frango do goleiro. Até na página em branco há uma história que pede para ser escrita, nem que seja a crônica da impotência do escritor para escrevê-la.
Todos esses temas estão reunidos nesta antologia, e cada um deles traz uma maneira diferente de narrar, um vocabulário, uma dicção, um ritmo e uma duração que lhe são próprios. Mas apesar da variedade de temas e de formas, a prosa narrativa de Sant'Anna tem um estilo, uma assinatura, uma voz inconfundível: é sempre possível sentir o timbre cálido, entre o lírico e o irônico, do autor.
A exemplo de muitos dos maiores escritores da modernidade, Sérgio Sant'Anna rompe as fronteiras entre os gêneros, em especial entre o ensaio e a ficção.
No que diz respeito aos temas, por trás da sua grande variedade é fácil perceber nos relatos do autor algumas constantes: as perversões sexuais no limite (ou além) do descontrole, a fronteira tênue entre a razão e a loucura, as relações movediças entre amor e morte. Em certos momentos, o escritor tangencia o universo de Nelson Rodrigues, em outros o de Dalton Trevisan, em outros ainda o de Rubem Fonseca.
Literatura que se expressa numa escrita maleável, que transita do coloquial ao protocolar, do científico ao confessional. Prosa

  • O livro de Praga: Narrativas de amor e arte(contos, 2011) -


Livro de Praga - Companhia das Letras

No primeiro conto do Livro de Praga, “A pianista”, Antônio Fernandes acaba de chegar a Praga. Flanando pela cidade, ele vê o anúncio de uma exposição de Andy Warhol no Museu Kampa: Disaster Relics é o nome da mostra. Entre imagens terríveis de acidentes automobilísticos e retratos de personalidades conhecidas vistas como produtos em linha de montagem - e assim despojadas de sua identidade -, ele ouve o som de um piano. Quando se afasta da sala de exposições em busca da origem daquela música - “clarões sonoros com a brevidade de relâmpagos” -, ocorre uma cisão na serena ordem cotidiana: as situações bizarras se sucederão, de conto em conto, impregnadas de um sexo que parece fadado a jamais se satisfazer, a apontar para a perda e não para a satisfação, para a morte e não para a vida. A impressão que se tem é de que os desastres da exposição de Warhol passaram para a experiência pessoal do protagonista, e que o desejo o conduzirá, fatal e invariavelmente, à perda, à despersonalização e à morte.


PÁGINAS SEM GLÓRIA - Dois contos e uma novela - Sérgio Sant'Anna


PÁGINAS SEM GLÓRIA - Dois contos e uma novela


Este livro de Sérgio Sant’Anna traz três textos bem diferentes entre si, tanto na forma como na temática. O ponto alto é a novela que encerra o volume e lhe empresta o título. “Páginas sem glória” é ambientada no Rio de Janeiro do início dos anos 1950, com sua boemia povoada de personagens rodriguianos e seus brasileiríssimos dramas em torno do mundo da bola. A novela narra a história de José Augusto do Prado Almeida Fonseca, um boa-vida pinçado do futebol de areia e levado ao Fluminense pelo olheiro Luiz Andrade. Desde os primeiros parágrafos, Zé Augusto é pintado como um adorável sem-vergonha, um anárquico poeta da bola. A saga desse anti-herói é narrada com o mais saboroso humor, num texto que já nasce como um clássico da literatura futebolística.
Antes de “Páginas sem glória”, abrindo o volume, temos “Entre as linhas”, uma pequena obra-prima de narração literária. Esse conto se inicia com o “autor”, Fernando, expondo que pediu a uma amiga para ler a “pequena novela” que acabara de escrever. Ela então anota seus comentários nas entrelinhas do texto. O que nos é dado a ler não é a narrativa original, mas as anotações da leitora-crítica. O engenhoso procedimento resulta numa composição que fisga a atenção para diversas histórias espelhadas.  No segundo conto, “O milagre de Jesus”, a voz em primeiro plano é a de um indigente chamado Jesus que relata a um amigo certo milagre por ele realizado. Numa igreja, ele é confundido com Jesus Cristo por uma mulher desesperada, que foi estuprada por três “filhinhos de papai” e descobre estar grávida. Ela vem pedir seu conselho e ele a demove da decisão de abortar. Mas Jesus é enxotado da igreja pelo pároco e pragueja contra Deus e o mundo. Por coincidência, um casal de cineastas “do bem” está nos arredores e presencia sua fúria. Os cineastas e o indigente acabam fazendo um filme em parceria, e nele Jesus faz questão de mostrar-se em cenas de amor fraterno, de acordo com o clichê que envolve o seu nome.
Fonte: Companhia das Letras


Livros no exterior


Prêmios de Sérgio Sant`Anna
Prêmio Jabuti 1998, categoria Romance. Livro: CRIME DELICADO, UM (1997).
Prêmio APCA 2003, categoria Contos. Livro: VÔO DA MADRUGADA, O (2003).
Prêmio Jabuti 2004, categoria Contos e Crônicas. Livro: VÔO DA MADRUGADA, O (2003).
Prêmio Portugal Telecom 2004, categoria 2o. Lugar. Livro: VÔO DA MADRUGADA, O (2003).


Outras noticias sobre Sergio Sant"Anna
 Premio Jabuti desclassifica Sergio Sant Anna
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,jabuti-desclassifica-sergio-santanna-e-premia-verissimo,1087232,0.htm

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